“José, a quem os Apóstolos chamavam ‘Barnabé’ (que significa ‘filho da consolação’), levita originário de Chipre, homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé, possuía um campo; ele o vendeu e trouxe o dinheiro depô-lo aos pés dos Apóstolos”. É o elogio feito por Lucas nos Atos dos Apóstolos (4,36-37).

São Barnabé devia ser querido em sua comunidade de origem judaica e nas que provinham do helenismo. Em toda a sua vida, foi conciliador entre os expoentes das duas culturas. Introduziu São Paulo nos círculos judeu-cristãos (At 9,27; GI 2,8-10), deu impulso à comunidade cristã de Antioquia (At 11,22-30), que foi o primeiro exemplo de uma Igreja que já acolhia gregos e judeus (At 11,19-21). Acompanhou São Paulo em sua primeira viagem apostólica para evangelizar a Ásia (At 13-14); mas a forte personalidade de São Paulo induziu-o a continuar depois sozinho seu apostolado (At 15,36-40).

São Paulo e São Barnabé, duas personalidades distantes, que se completavam reciprocamente. Em Listra, na Licaônia, na conclusão da primeira viagem missionária, durante a pregação, São Paulo notara a presença de um pobre paralítico. “Levanta-te e anda”, lhe dissera, realizando o milagre. “À vista do que Paulo acabava de fazer, a multidão exclamou em língua licaônica: ‘Deuses em forma humana vieram a nós’. A Barnabé chamavam Júpiter e, a Paulo, Hermes, porque era ele que falava” (At 14,8-12)

Participou no Concílio de Jerusalém e, voltando para a ilha de Chipre, sua pátria, aí propagou o Evangelho. Alguns autores pensam que São Barnabé poderia ser o redator da Epístola aos hebreus: sua formação sacerdotal e seus contatos com o pensamento de São Paulo tê-lo-iam habilitado a compor esse primeiro tratado do sacerdócio cristão.

Não há notícias dele depois da separação de São Paulo. Escritos apócrifos falam de uma viagem sua a Roma e do seu martírio acontecido mais ou menos pelo ano 70, em Salamina, pelas mãos dos judeus da diáspora, que o teriam apedrejado.