São Roque González nasceu em Assunção, Paraguai, em 1576, filho de pais espanhóis, de elevada posição e de autêntico cristianismo. Desde cedo Roque se preocupou com a sorte dos indígenas, cuja língua dominava. Sentia, mais que tudo a exploração indigna e inumana, de que os nativos eram alvo constante da maioria dos “encomendeiros”. Foi ordenado sacerdote em Assunção, contando apenas 22 anos de idade.

Recém-ordenado, o Padre Roque já teve sua primeira missão junto aos indígenas ervateiros – que trabalhavam em verdadeira escravidão – na Serra de Maracaju, ao norte de Assunção. Fez-se aí tudo para todos. Mas regressou para Assunção por ordem superior e foi nomeado cura da catedral. Ao que parece, não teve aceitação de todos, sobretudo de espanhóis e “encomendeiros”, porque se preocupava demais com os nativos e porque não era “letrado”.

Todavia, espalhava-se sua fama de sacerdote virtuoso, dedicado e prudente. Não queria honrarias, por isso recusou o cargo de Provisor e Vigário Geral da Diocese, e buscou as fileiras da Companhia de Jesus, na qual entrou a 9 de maio de 1609, sentindo-se à vontade entre os filhos de Santo Inácio, reconhecendo aí sua verdadeira vocação.

A 3 de maio de 1626 celebrou a Santa Missa, a primeira no solo gaúcho brasileiro, batizando a nova fundação de São Nicolau; era a primeira semente do Evangelho, da fé e da civilização nessa região, que desabrocharia, depois, de forma esplêndida.

Em 1628 fundou outras quatro reduções: Candelária, Caaçapá-Mirim, Caaró e Assunção do Ijuí ou Pirapó. Mas o seu trabalho missionário atraía o ódio dos feiticeiros e de alguns nativos. E assim, a 15 de novembro de 1628, logo após a Santa Missa, emissários do soberbo feiticeiro Nheçu, que dominava a região próxima, descarregaram dois violentos golpes de itaiçá (clava de pedra) sobre a cabeça de do Padre Roque. Pouco depois assassinaram também o companheiro de do Padre Roque, o Padre Afonso Rodríguez. E no dia 17 foi a vez do Padre João del Castillo Castilho, a 50 quilômetros de Caaró.