Pacificador de nome e de fato (o nome Irineu vem do grego e significa pacífico e pacificador), Santo Irineu nasceu por volta do ano 130. Era grego, provavelmente natural da Ásia Menor e viveu em uma época dilacerada por heresias que colocavam em risco a unidade da fé na Igreja.

Seus pais cristãos entregaram-no aos cuidados de São Policarpo, Bispo de Esmirna, que havia conhecido pessoalmente o apóstolo São João e outras testemunhas oculares de Jesus. Foi nessa escola tão santa que aprendeu a ciência sagrada que o transformaria mais tarde em um grande ornamento da Igreja e terror dos seus inimigos. São Policarpo cultivou seu gênio nascente e moldou seu espírito com vistas à piedade, através dos preceitos e do exemplo; e o zeloso estudante teve o cuidado de colher todos os benefícios oriundos de se possuir um tal mestre. Tamanha era sua veneração pela santidade do tutor, que observava cada ato e cada detalhe que pudesse notar naquele santo homem, de maneira a melhor imitar seu exemplo e absorver seu espírito.

Para confundir os hereges de seu tempo, ele se familiarizou com as mais absurdas presunções dos filósofos que os inspiraram, pelas quais pôde rastrear cada erro até sua fonte e expô-lo à luz do dia. São Policarpo o enviou à Gália, na companhia de um padre, e ele mesmo foi ordenado sacerdote da Igreja de Lião por São Potino. Quando este glorificou a Deus com uma morte feliz, no ano de 177, Irineu foi nomeado o segundo Bispo de Lião. Por sua pregação, em pouco tempo converteu quase todo o país. Escreveu diversas obras contra a heresia. Foi intensa sua ação contra as aberrações do sincretismo e do gnosticismo, defendendo o Cristo histórico, supremo revelador do Pai e Salvador, o Cristo vivido pela Igreja. Santo Irineu foi, sem dúvida, o escritor cristão mais importante do século II. Foi o primeiro a procurar fazer uma síntese do pensamento cristão, cuja influência se faz notar até nossos dias.

E por fim, na companhia de muitos outros, sofreu o martírio por volta do ano 202, sob o Imperador Severo, em Lião.